sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A Renúncia ao Poema(Fábula)

A poesia espeta o dedo no tear imaginário do tempo
e adormece...o feitiço da madrasta solidão
que de tão presente já não inspira: é parte
é carne viva
já não há tesão na solidão por quem escreve
Ela insiste: " Vem poeta, e me come - ponha alguma carne e sangue em teu poema" diz
como uma puta velha, varicosa
de pernas abertas, vulva de longos fios
trama que outrora envolvia mas
agora só repele...
Quem escreve procura o alento de uma
outra velha prostituta na casa de tolerância dos dias
A Esperança coberta de quelóides-cicatrizes
antigas dos cortes causados pelo desengano - ciumento
de sua beleza vã e quase nunca gratuita...
Ela, como boa puta, mulher de malandro convicta
prá alegria do cliente que escreve volta prá vida assim que se cura
e é comida, devassada, currada e até mesmo brevemente amada
antes que o desengano, cego pelo ciúme, lance outro brutal ataque
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quanto á poesia...
a poesia ainda espera pelo beijo molhado que de seu
pesado sono a despertaria...

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